key: cord-0791604-mhthjlka authors: Stein, Ricardo title: Exercício Físico em Pacientes Cardiopatas e na População em Tempos de Coronavírus date: 2020-05-22 journal: Arquivos brasileiros de cardiologia DOI: 10.36660/abc.20200281 sha: 1338e30c180543876a68cc55719bdb2bad3fe6d9 doc_id: 791604 cord_uid: mhthjlka nan Começo este texto sem falar de exercício. Quero frisar que portadores de doenças crônicas como hipertensão, insuficiência cardíaca, diferentes tipos de miocardiopatias e algumas formas de arritmias estão sob risco aumentado para desfechos fatais após contraírem o SARS-COV-2 e desenvolverem a infecção denominada COVID-19. Da mesma forma, quem realizou revascularização mecânica ou cirúrgica, portadores de próteses valvares (biológicas ou metálicas), de dispositivos como marca-passo ou desfibrilador implantado (entre outros), assim como aqueles com algumas formas de cardiopatias congênitas, também fazem parte de um grupo de maior risco. 1 Ponto número um: Os pacientes acima são definitivamente de maior risco e eles fazem parte do grupo de risco em qualquer idade.* *Observação: Assim como os cardiopatas, os idosos, os imunossuprimidos e os portadores de algumas doenças crônicas (como o diabetes e as doenças pulmonares), também têm risco aumentado ao serem infectados. • Mas a pergunta que não quer calar: E o exercício nos cardiopatas e na população geral, como devemos proceder? É consenso que a prática do exercício físico regular deve continuar, mesmo no isolamento em casa, sendo essa uma posição clara entre cardiologistas, médicos do exercício e demais especialistas. Claro que por um lado poderá parecer mais difícil, mas por outro, a maior disponibilidade de tempo para muitos acabará com a desculpa do "não tenho tempo". A semana continua tendo 168 horas. Será que não dá para dedicar cinco períodos de meia hora, pelo menos, para fazer algum tipo de exercício dentro de casa? Ponto número dois: Exercitar-se dentro de sua casa é indicado pelos dois motivos seguintes: a) respeita o critério principal de cuidados contra a infecção pelo SARS-COV-2 que causa a COVID-19; b) faz bem para saúde. • No entanto, surge outra pergunta: Se me sinto bem, por que não posso me exercitar na rua, nas praças ou nas academias dos condomínios? Se pensarmos de forma individual, sair à rua ou correr na esteira do condomínio não parece ser problemático. Agora, o pensamento social e epidemiológico vai na direção de que a chance de aglomeração aumenta e isso vai de encontro ao que é preconizado pelos especialistas. Imaginem se todos decidissem ir ao calçadão situado na beira de uma cidade que tenha praia ou a um parque dar uma corridinha ao mesmo tempo… Seria a glória… para o vírus!!! Ponto número três: Na relação risco-benefício os especialistas recomendam que não se saia de casa para fazer exercício neste momento pandêmico. • Outra pergunta que me parece importante: E se eu estiver com algum sinal e/ou sintoma, devo me exercitar? Não!!! O exercício não deve ser realizado em vigência de sinais e/ou sintomas, seja nesta ou em qualquer outra situação de infecção. O melhor a se fazer é repousar até a plena recuperação. Ponto número quatro: Se sintomático, não fazer exercício, nem mesmo dentro de casa. Após recuperar-se, a volta a prática passa a ser indicada. • Outro ponto relevante diz respeito à história prévia de exercício. Que bom que todos fossem fisicamente ativos e a inatividade fosse algo muito pontual. Alguns pensam que por serem ativos ou atléticos estão imunes ao contagio pelo SARS-COV-2. Nada disso!!! Atletas de alta performance já contraíram COVID-19 e convalesceram ou convalescem, alguns até tendo sido internados. Ponto número cinco: Indivíduos ativos ou atletas devem tomar os mesmos cuidados do resto da população, estando sob risco de contrair a doença como qualquer outro ser humano. Concepção e desenho da pesquisa, Obtenção de dados, Análise e interpretação dos dados, Redação do manuscrito e Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Stein R Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. O presente estudo não teve fontes de financiamento externas. Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação. Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores. COVID-19 and the cardiovascular system Atividade física durante a pandemia de coronavirus