key: cord-0777093-o9aglxlz authors: Colombo, Cléa Simone Sabino de Souza; Leitão, Marcelo Bichels; Avanza, Antônio Carlos; Borges, Serafim Ferreira; da Silveira, Anderson Donelli; Braga, Fabrício; Camarozano, Ana Cristina; Kopiler, Daniel Arkader; Lazzoli, José Kawazoe; de Freitas, Odilon Gariglio Alvarenga; Grossman, Gabriel Blacher; Milani, Mauricio; Nunes, Mauricio B.; Ritt, Luiz Eduardo Fonteles; Sellera, Carlos Alberto Cyrillo; Ghorayeb, Nabil title: Posicionamento sobre Avaliação Pré-participação Cardiológica após a Covid-19: Orientações para Retorno à Prática de Exercícios Físicos e Esportes – 2020 date: 2021-06-08 journal: Arquivos brasileiros de cardiologia DOI: 10.36660/abc.20210368 sha: f70b3f6c0741e279f6d614a2c9fa11c999060b43 doc_id: 777093 cord_uid: o9aglxlz nan Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto da doença (COVID- 19) causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) representava uma "Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional" -o mais alto nível de alerta da organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Comparado com o SARS-CoV que causou um surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2003, o SARS-CoV-2 tem capacidade de transmissão mais alta. O rápido aumento de casos confirmados tornou a prevenção e o controle da COVID-19 extremamente importantes. O Ministério da Saúde recebeu a primeira notificação de um caso confirmado de COVID-19 no Brasil no dia 26 de fevereiro de 2020 e, em 11 de março de 2020, a doença foi caracterizada pela OMS como uma pandemia, o que trouxe uma necessidade emergencial de se buscar conhecimento, visando soluções o mais rápido possível, tanto para o tratamento quanto para a sua prevenção. 1 A pandemia levou a medidas preventivas e restritivas em todo o mundo, e que foram diferentes nos países e continentes, dependendo da evolução da doença em cada região. Com o declínio das taxas de infecção, restrições menos rigorosas estão sendo implementadas para a prática de esportes e exercícios. A COVID-19 tem sido associada a um número significativo de complicações cardiovasculares, atingindo cerca de 16% dos pacientes. 2 No entanto, ainda não existem dados a longo prazo, muito menos em indivíduos ativos e atletas competitivos. Com base no conhecimento estabelecido sobre as miocardites virais em geral, é sabido que podem existir sequelas que afetam desde o desempenho físico desses indivíduos até a maior ocorrência de morte súbita (MS) durante o exercício, pois representam um substrato arritmogênico no miocárdio. 3 O objetivo deste posicionamento consiste em alertar para o risco de comprometimento cardíaco e suas possíveis sequelas na COVID-19 e orientar sobre a necessidade de avaliação cardiológica após a doença antes do retorno à prática esportiva, propondo estratégias para a prevenção de MS através de uma avaliação pré-participação (APP) cardiológica direcionada. Frente à inexistência de tratamentos eficazes na eventualidade de uma infecção pelo SARS-CoV-2, a obtenção de medidas que reduzam o risco de contaminação é fundamental. Neste segmento, encontram-se as práticas amplamente difundidas de isolamento social, distanciamento, etiqueta respiratória, uso de máscaras e higienização frequente das mãos. Contudo, busca-se identificar intervenções que melhorem a saúde da população, possibilitando uma diminuição do risco de infecção ou resposta clínica mais eficiente, de forma que o indivíduo apresente quadro clínico leve e com boa evolução, caso seja infectado pelo novo coronavírus. Modificações alimentares e suplementações com vitaminas estão entre as estratégias propostas. Entretanto, não há evidências consistentes em favor de qualquer uma dessas propostas profiláticas até o momento. 4 Por ser uma doença nova, ainda não há dados disponíveis sobre como o exercício físico regular pode afetar a evolução da COVID-19. Por outro lado, os benefícios da atividade física para a saúde estão bem estabelecidos. Indivíduos que fazem exercícios regulares, de modo geral, apresentam proteção contra viroses, com redução da incidência de infecções de vias aéreas superiores e melhor evolução clínica, com menos complicações. 5 Essas evidências são documentadas em tipos distintos de infecções virais, inclusive em algumas causadas por rinovírus e alguns tipos de coronavírus. 6 A prática regular de exercícios físicos em intensidade leve a moderada melhora a imunidade e pode colaborar como fator potencial para maior resistência a contrair a COVID-19 e a ter uma evolução mais favorável em uma eventual infecção. 7, 8 Dentre os benefícios mais importantes do exercício regular está a redução do risco cardiovascular através de diversos mecanismos, como redução da pressão arterial, dos níveis de lipídios sanguíneos, da glicemia, de marcadores inflamatórios e hemostáticos. 9 A presença de doenças cardiovasculares e metabólicas está associada à maior mortalidade em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2. Outro fator relevante é a obesidade, que tem sido descrita como fator de risco importante para a gravidade da evolução da COVID-19, principalmente nos mais jovens. Estudos demonstram que os pacientes com índice de massa corporal (IMC) >30 kg/m 2 evoluem mais frequentemente para ventilação mecânica invasiva, podendo ser um fator associado ao maior risco de óbito. [10] [11] [12] [13] O período de quarentena, com a imposição do confinamento das pessoas, tem ocasionado aumento da compulsão alimentar e do sedentarismo, contribuindo para o aumento da obesidade e para o descontrole de doenças como hipertensão e diabetes melito. Outro aspecto que tem sido documentado desde o início da pandemia da COVID-19 é o aumento na incidência de distúrbios psicológicos em decorrência do confinamento doméstico. Foram reportadas elevadas taxas de ansiedade e depressão em indivíduos mantidos em quarentena devido à pandemia, e tem se discutido um possível aumento de suicídios. 14, 15 Assim como para a obesidade, também há dados consistentes na literatura documentando os efeitos da atividade física regular na redução de depressão, ansiedade e outros distúrbios da saúde mental. 16 Portanto, é necessário buscar continuamente a otimização no tratamento dessas doenças, e o exercício físico tem papel essencial nesse controle. Dessa maneira, recomenda-se adotar e manter um estilo de vida ativo com o objetivo de melhorar a saúde e bem-estar em diversos aspectos, incluindo redução de risco cardiovascular, metabólico e melhor equilíbrio mental. Apesar das restrições impostas pelo risco de contaminação pelo coronavírus, primordialmente, devemos estimular os indivíduos a se manterem fisicamente ativos, seja em exercícios em casa ou ao ar livre, respeitando as normas de higiene e distanciamento locais. Os indivíduos acometidos pela COVID-19 apresentam sintomatologia muito variável, sendo que a maioria desenvolve quadro clínico leve a moderado, geralmente com sintomas gripais como tosse seca, dor de garganta, cefaleia e febre, tendo sido descritos também diarreia, rush cutâneo, perda de olfato e paladar. Uma proporção pequena dos doentes evolui com quadro mais grave, podendo apresentar falta de ar, dor torácica e perda de movimentos, necessitando hospitalização e suporte intensivo. 17 A progressão da doença ao longo do tempo é dividida em três fases patológicas: uma fase inicial de infecção, uma fase pulmonar e uma grave fase de hiperinflamação. A fase inicial da infecção é caracterizada por infiltração e replicação viral. A doença progride para a fase pulmonar, caracterizada por comprometimento respiratório e alteração em exames de imagem pulmonar. A resposta inflamatória exagerada, impulsionada pela imunidade do hospedeiro, define a fase de hiperinflamação. Marcadores inflamatórios estão elevados neste estágio, e danos nos órgãos secundários se tornam aparentes. 18, 19 Embora as manifestações clínicas da COVID-19 sejam dominadas por sintomas respiratórios, alguns pacientes apresentam comprometimento cardiovascular grave. 20 Além disso, alguns pacientes com doenças cardiovasculares (DCV) subjacentes podem ter aumento do risco de morte. 21 Portanto, entender os danos causados pelo SARS-CoV-2 no sistema cardiovascular e os mecanismos subjacentes são da maior importância para que o tratamento desses pacientes possa ser oportuno e efetivo, com redução da mortalidade e de complicações tardias. Com base em dados de países como a China, onde a pandemia se originou, e de outros países com grande número de casos de COVID-19, como os EUA e a Itália, bem como metanálise sobre a doença, a lesão cardíaca parece ser uma característica proeminente da doença, ocorrendo em 20% a 30% dos pacientes hospitalizados e contribuindo para até 40% das mortes. 22 Foram descritas complicações cardiovasculares, como lesão miocárdica (20% dos casos), arritmias (16%), miocardite (10%), além de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e choque (até 5% dos casos). 23, 24 Em um estudo que avaliou 138 pacientes internados por COVID-19, 16,7% desenvolveram arritmia e 7,2% apresentaram lesão cardíaca aguda (anormalidades eletrocardiográficas ou ecocardiográficas), sendo que quase 12% dos pacientes sem DCV conhecida previamente apresentaram níveis elevados de troponina T ultrassensível (Tnt) ou parada cardíaca durante a hospitalização. 25, 26 Notavelmente, a Tnt foi superior ao percentil 99, limite de referência em 46% dos não sobreviventes, em oposição a 1% dos sobreviventes. 27 Seu aumento associou-se com outros biomarcadores inflamatórios (dímero D, ferritina, interleucina-6, lactato desidrogenase), aumentando a possibilidade de que isso reflita uma "tempestade de citocinas" ou linfo-histiocitose hemofagocítica secundária, mais do que lesão miocárdica isolada. 27 Não se sabe se esse fenômeno é a principal causa de miocardite fulminante, se a resposta é puramente relacionada com inflamação, autoimunidade ou combinação de ambos, como observado em outros tipos de miocardite viral. 28 Por outro lado, há relatos de pacientes que apresentam sintomas cardíacos predominantes que sugerem um padrão diferente, como cardiomiopatia por estresse e síndrome coronariana aguda, em que a fisiopatologia não está clara, mas que pode estar relacionada a um estado pró-trombótico associado à doença, como em indivíduos que apresentaram embolia pulmonar e acidente vascular cerebral (AVC). 15, 24, [29] [30] [31] A fisiopatologia exata nos quadros graves de COVID-19 ainda é obscura e acredita-se que a lesão cardíaca pode resultar por mecanismos diretos ou indiretos (Quadro 1). 21, 29, 32 O envolvimento do coração com outras apresentações, tais como choque cardiogênico e insuficiência cardíaca, provavelmente teria o mesmo mecanismo fisiopatológico implicado. A APP cardiológica é a principal ferramenta para a prevenção de MS no esporte. A Diretriz em Cardiologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade de Medicina do Exercício e Esporte recomenda que todo indivíduo passe por uma avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios. 33 Considerando-se que a maioria das pessoas parou ou reduziu seu treinamento físico durante a pandemia, é recomendável que, antes de retomálo, sejam submetidas à nova APP. É de conhecimento geral que exercícios vigorosos podem levar à MS em indivíduos considerados suscetíveis, ou seja, que apresentam doença cardíaca subjacente geralmente não diagnosticada. 34 Habitualmente, a APP tem o objetivo de identificar estes indivíduos, buscando as chamadas doenças cardiovasculares genéticas, relativamente incomuns, mas que representam as principais causas de MS no esporte, como cardiomiopatia hipertrófica, displasia arritmogênica ventricular, origem anômala de coronárias, aneurisma de aorta relacionado com síndrome de Marfan, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, entre outras. Entre as doenças adquiridas que podem levar à MS, destacam-se a doença arterial coronariana obstrutiva e a miocardite, esta principalmente em jovens. No contexto atual, atenção especial deve ser dada à possibilidade de agressão ao miocárdio e pericárdio pelo SARS-CoV-2. Como a COVID-19 é uma nova doença e o conhecimento a seu respeito ainda é limitado, deve ser feita uma avaliação criteriosa com o objetivo de afastar a presença e/ou sequela de miopericardite, mesmo nos indivíduos assintomáticos que testaram positivo. Sendo assim, recomendamos que todos aqueles que tiveram COVID-19, assintomáticos ou não, passem por avaliação médica, preferencialmente cardiológica, incluindo pelo menos anamnese, exame físico e ECG de repouso de 12 derivações. Como o maior risco de MS está relacionado com maior intensidade do exercício, as recomendações de exames complementares na APP são diferentes conforme a prática esportiva. Neste documento, fizemos uma subdivisão do grupo chamado "esportista" em recreativos e competitivos, pois consideramos que há um número crescente de indivíduos que competem de forma amadora e sem vínculo profissional, mas que estão expostos a alto volume e intensidade de treino, aproximando-se dos chamados "atletas". A definição desses grupos e de alguns conceitos importantes para sua compreensão encontram-se nos Quadros 2 e 3. 33, 35 Da mesma maneira, a indicação dos exames também pode variar de acordo com a gravidade do quadro clínico da doença. De acordo com a classificação atual proposta na literatura para os estágios da COVID-19, os doentes podem ser divididos em quadro clínico leve, moderado e grave, conforme o histórico apresentado (Figura 1). 36 Devido à escassez de informações sobre a COVID-19 em crianças e adolescentes, e por apresentarem características diferentes, este documento não abordará esse grupo, sendo as recomendações sugeridas voltadas para a população em idade adulta. Como critério de testagem positiva para a COVID-19, consideramos a existência prévia de exame de RT-PCR (identificação do RNA do vírus) associado a sintomas suspeitos ou de sorologia (identificação de IgG) positivos para SARS-CoV-2. 37 Ainda não está bem estabelecido o significado da manutenção de exame de RT-PCR positivo em indivíduos assintomáticos após a resolução do quadro clínico. Dados recentes demonstraram que alguns indivíduos podem apresentar resquícios do RNA do SARS-CoV-2 até 12 semanas Deve-se ressaltar que indivíduos em fase aguda da doença e/ou sintomáticos não podem reiniciar a prática de atividades físicas. Portanto, a APP deve ser realizada, no mínimo, após 14 dias do diagnóstico nos assintomáticos, ou 14 dias após a resolução do quadro clínico naqueles sintomáticos. O ECG de 12 derivações em repouso é recomendado na APP de esportistas e atletas em nossa Diretriz Brasileira de Cardiologia do Esporte, com o objetivo de identificar possíveis alterações que se correlacionem às doenças incipientes previamente citadas como causas mais comuns de MS. 39 Particularmente nos indivíduos após a COVID-19, devemos estar atentos às alterações que podem estar relacionadas com pericardite ou miocardite. As mais comuns são: • Alterações do segmento ST (geralmente depressão do segmento ST); • Inversão da onda T; • Distúrbios da condução, principalmente bloqueio completo do ramo esquerdo e bloqueio atrioventricular avançado; • Arritmias supraventriculares e ventriculares complexas. 40 Um estudo italiano em pacientes hospitalizados por COVID-19 associada à pneumonia demonstrou que 26% deles apresentaram novas alterações eletrocardiográficas até 51 dias (média de 20 a 30 dias) após o início dos sintomas, quando comparadas com o ECG de admissão. Os achados mais frequentes foram síndrome braditaquicardia (2%), fibrilação atrial (6%) e alterações ST persistentes (14%), sendo que em 38% desses pacientes foram identificados níveis alterados de Tnt associado. As alterações não se correlacionaram com a gravidade do quadro pulmonar, aparecendo às vezes na véspera da alta hospitalar e após novo teste de RT-PCR negativo. 41 É importante ressaltar que indivíduos bem treinados e atletas geralmente apresentam um padrão eletrocardiográfico diferente da população geral, devido às adaptações fisiológicas cardíacas secundárias ao exercício. Portanto, a sua interpretação deve seguir as atuais "Recomendações internacionais para interpretação do ECG do atleta", e ser preferencialmente realizada por cardiologista com experiência na área de esporte ou médico do esporte com experiência em cardiologia. 42 Além disso, é de extrema utilidade a comparação do ECG pós-COVID-19 com um ECG anterior do esportista ou atleta, devendo ser considerado suspeito e passível de investigação adicional o surgimento de quaisquer novas alterações. A troponina T ultrassensível (Tnt) é um importante marcador de lesão miocárdica, sendo a sua dosagem utilizada para auxílio diagnóstico em determinadas cardiopatias. A associação de elevação de seus níveis com alterações sugestivas de miocardite na ressonância magnética cardíaca (RMC) já está bem estabelecida e é há muito tempo conhecida. Apesar de a Tnt elevada durante a internação de pacientes com COVID-19 ter se mostrado um importante marcador prognóstico, ainda não temos uma correlação direta estabelecida entre esses dois achados nessa doença. [43] [44] [45] [46] Dados iniciais sobre pacientes em fase subaguda de COVID-19 com alterações compatíveis com miocardite na RMC demostraram elevação significativa dos níveis de Tnt (>9,3pg/mL), mas é interessante observar que 71% dos pacientes recuperados de COVID-19 apresentaram níveis de Tnt "detectável" (>3,0pg/mL). 47 Até o presente momento, esta é a melhor informação que se tem de uma eventual associação de Tnt elevada com miocardite na COVID-19. Sendo assim, consideramos que a dosagem ambulatorial de Tnt também na fase subaguda da doença pode ser uma ferramenta importante não só na estratificação de risco, como no rastreio de pacientes que deverão realizar RMC para melhor investigação diagnóstica. A realização do teste ergométrico (TE) tem várias indicações no âmbito da prática esportiva, desde avaliação da capacidade funcional (CF) até a identificação precoce de doenças cardiovasculares, arritmias e prognóstico. Nos esportistas após COVID-19, destaca-se a importância da presença de alterações do segmento ST e de arritmias durante ou após o esforço, bem como a quantificação da CF atingida. Entretanto, no caso da CF, o teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) seria preferencial para uma avaliação mais precisa. Do mesmo modo que no ECG de repouso, a comparação com exames anteriores do mesmo paciente é de grande importância na interpretação dos achados do TE. O teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) é o padrãoouro na avaliação da capacidade funcional máxima pela medida direta do consumo de oxigênio. Apresenta vantagens importantes em relação ao TE convencional por realizar medida mais acurada da CF, fornecer medidas prognósticas de eficiência ventilatória, auxiliar no diagnóstico diferencial da dispneia e conter critérios objetivos de maximalidade. 48 Muitos atletas estão retornando às suas atividades e estarão eventualmente menos condicionados. No atual contexto, em que há a possibilidade de atletas que contraíram a COVID-19, mesmo em sua forma leve, apresentarem complicações cardiorrespiratórias tardias, a disponibilidade de um método que ajude a diferenciar baixo condicionamento de ineficiência cardiorrespiratória pode auxiliar na tomada de conduta desses atletas. O TCPE fornece diversas informações sobre a eficiência ventilatória, sendo que a mais utilizada em pacientes com ICC é a inclinação da razão entre a ventilação e a produção de CO 2 (VE/VCO 2 slope). 50, 51 Existem trabalhos mostrando que o VE/VCO 2 slope em atletas não se modifica, mesmo quando há variações significativas na CF máxima. 52, 53 Por seu potencial papel prognóstico adicional, pela possibilidade de auxílio no diagnóstico diferencial de dispneia e pela disponibilização de informações de eficiência ventilatória independentes da CF máxima, recomendamos o TCPE, quando disponível, para todos os indivíduos pós COVID-19 com dispneia a esclarecer, formas moderadas ou graves da doença e para todos os atletas competitivos. O exame de holter 24h é útil na identificação de arritmias, sintomáticas ou não, e estará indicado em casos específicos quando há suspeita de lesão miocárdica com sequelas. A presença de arritmias é um dos critérios de avaliação prognóstica e de elegibilidade para retorno à prática esportiva em pacientes com diagnóstico de miocardite. 54 A realização do ecodopplercardiograma (ECO) é de grande utilidade na prática esportiva, por avaliar dados a respeito da fisiologia adaptativa do coração do atleta. Sua indicação está na identificação de alterações estruturais cardíacas que muitas vezes são responsáveis por MS nesses indivíduos. Por isso, a aplicação do ECO na triagem de atletas de alta performance é de grande importância para prevenir desfechos trágicos, uma vez que o método tem alta sensibilidade e especificidade em identificar essas alterações. 55 O protocolo de APP da Sociedade Europeia de Cardiologia enfatiza três pontos principais: a história pessoal e familiar, o exame clínico e o ECG. 56 No entanto, algumas doenças estruturais como cardiomiopatia incipiente e origem anômala de artérias coronárias podem passar despercebidas ao exame clínico e ao eletrocardiograma, mas seriam identificadas ao ECO. É fundamental o conhecimento das características e dos valores de normalidade das medidas realizadas no ECO de atletas, que diferem da população geral, para uma interpretação adequada do exame. 57 Particularmente, nos indivíduos após a COVID-19, devemos estar atentos às alterações cardíacas sugestivas de miopericardite. Essas alterações podem estar presentes mais frequentemente nos indivíduos que cursam com as formas moderadas ou graves da doença, mas, eventualmente, também naqueles que cursam com a forma leve e apresentam sintomas como dor torácica e palpitação ou sinais de dispneia e intolerância ao esforço. Nesses casos, o ECO torna-se fundamental antes do retorno ao exercício, para avaliar função cardíaca e possíveis alterações residuais. 58 A RMC tem se destacado como um método importante de avaliação de lesão miocárdica. A associação das técnicas de mapeamento T1 e T2 e de investigação de realce tardio após a injeção de gadolínio propicia a identificação de sinais de edema, inflamação e fibrose miocárdica, bem como a diferenciação entre etiologia isquêmica ou não. Em pacientes com suspeita de miocardite, é considerada o padrão-ouro para diagnóstico não invasivo. 63 Apesar de percentual significativo dos pacientes hospitalizados com COVID-19 ter apresentado elevação dos níveis de Tnt, a utilização de RMC para investigação de miocardite na fase aguda foi restrita devido ao risco de contaminação de staff. Entretanto, dados iniciais com RMC após a recuperação clínica dos pacientes sugerem que a lesão miocárdica pode persistir fora da fase aguda e independente da gravidade da manifestação clínica da doença na fase aguda. Um estudo alemão realizou RMC em 100 indivíduos com pelo menos 15 dias de resolução dos sintomas de COVID-19 (média de 71 dias) e RT-PCR negativo, e observou que 78% dos pacientes apresentaram achados anormais, 71% tinham níveis de Tnt detectável e 5% com elevação significativa (acima do percentil 99). Entre os pacientes estudados, apenas 33% haviam necessitado de internação hospitalar, sendo que 18% foram assintomáticos. 47 Desta forma, acreditamos que a RMC tenha papel importante na investigação complementar durante a APP de determinados esportistas e atletas. Entretanto, devemos considerar que ainda é um exame de acesso limitado e de alto custo, nem sempre acessível a nossa população. As situações em que sugerimos a realização da RMC em indivíduos após a fase aguda da COVID-19 estão descritas no Quadro 4. A APP é fundamental para segurança dos indivíduos que praticam exercícios. Os esportistas recreativos correspondem a um percentual significativo da população e pertencem às mais diversas faixas etárias. Com essa nova realidade que vivemos, é necessária uma adaptação da APP aos esportistas contaminados com COVID-19. Os indivíduos que apresentaram quadro clínico leve, após permanecerem 14 dias assintomáticos, devem passar por uma avaliação médica com anamnese, exame físico e ECG, devendo ser considerada a possibilidade de realização de dosagem de Tnt. Com base nas informações que temos até o momento, devemos assumir que a presença de qualquer nível detectável de Tnt é um achado anormal, que pode estar associado a uma lesão miopericárdica tardia, identificada fora da fase aguda da doença. Se a avaliação for normal, pelo menos após 14 dias de resolução dos sintomas, esses indivíduos estão liberados para reiniciar atividades físicas leves, com progressão gradual de intensidade e treinamento. Caso seja detectada alguma alteração, deve-se progredir na investigação, seguindo a sequência sugerida para quadro clínico moderado. Os indivíduos que apresentaram quadro clínico moderado devem realizar, após pelo menos 14 dias da resolução da doença, além da anamnese, exame físico e ECG, ECO, Tnt e TE ou TCPE, se disponível. Preferencialmente, o ECO deve ser realizado primeiro, pois, caso haja sinais de disfunção ventricular ou pericardite, o esforço máximo estaria contraindicado no momento. Se os exames forem normais, as atividades físicas podem ser retomadas de forma gradual, com monitoramento dos sintomas. Como a evolução da COVID-19 ainda não é bem conhecida, e aparentemente algumas alterações no coração podem ocorrer de forma tardia ou até mesmo se perpetuar, sugerimos uma reavaliação médica em 60 dias. Caso apareçam anormalidades, deve-se prosseguir a investigação com RMC e, havendo sinais sugestivos de miocardite, realização de holter de 24h e demais exames necessários, conforme as diretrizes para orientação em casos de miocardite. 54 Os indivíduos que tiveram quadro clínico grave de COVID-19 devem realizar protocolo semelhante aos de quadro clínico moderado; no entanto, é importante considerar a Posicionamento sobre Avaliação Pré-participação Cardiológica após a Covid-19: Orientações para Retorno à Prática de Exercícios Físicos e Esportes -2020 realização de RMC mesmo se todos os exames forem normais. Há descrição de casos que não apresentam alterações ao ECG ou ECO, mas apresentaram áreas de realce tardio na RMC quando submetidos à investigação adicional, especialmente naqueles que cursaram com quadro clínico grave da doença, em que o acometimento cardíaco é relativamente frequente. Se houver alteração nos exames, devem seguir com investigação conforme orientação nas diretrizes de miocardite, incluindo holter de 24h, com retorno à prática esportiva conforme os critérios específicos de elegibilidade. O mesmo valendo quando for identificada alguma arritmia na avaliação inicial ou na prova funcional. No final da avaliação, se estiver tudo normal, deve-se aguardar duas semanas sem sintomas para reiniciar atividades físicas, monitorando reaparecimento de sintomas após o retorno. Neste grupo, pode haver a necessidade de retorno mais gradativo e até reabilitação cardíaca, dependendo do grau de comprometimento cardíaco na fase aguda e suas possíveis sequelas (Figura 2). Neste grupo, encontram-se indivíduos que habitualmente treinam em alta intensidade, incluindo atletas profissionais, sendo que, no momento, alguns já têm reiniciado seus treinamentos e até competições. Com o retorno de alguns clubes de futebol em algumas regiões do nosso país, a testagem sorológica tem sido feita de rotina como triagem, mesmo naqueles sem histórico de doença prévia. Há relatos isolados de indivíduos que se recuperam da COVID-19 e desenvolvem complicações cardiovasculares mesmo na ausência de doença cardiovascular subjacente e também MS em indivíduos positivos para COVID-19 não hospitalizados, mesmo com sintomas leves. 64 Portanto, devemos submetê-los a protocolos rigorosos para uma volta segura aos esportes competitivos. Vários modelos de protocolo têm sido propostos recentemente, nacional e internacionalmente, com o intuito de se chegar a um consenso de qual seria a melhor abordagem para APP desses atletas, e serviram de referência para a proposta deste documento. [65] [66] [67] Nosso objetivo é orientar o retorno com segurança aos atletas e staff médico/técnico, na tentativa da reintegração e proteção de sequelas que tornariam este atleta inelegível para continuar em sua carreira competitiva ou mesmo sob o risco de sofrer MS. Em atletas competitivos, manter as suas habilidades e aptidão, retomando treinamento intenso para atingir o nível exigido para a competição em curto período de tempo, gera maior desgaste físico e emocional, com grande ansiedade. 66 O suporte médico adequado é importante para minimizar o impacto dessas condições. Neste grupo, devido ao histórico de treinamento intenso, pode ser difícil diferenciar as alterações habituais do ECG do atleta de outras patologias. Portanto, é de extrema relevância a comparação com ECG prévio do atleta, bem como avaliação complementar com outros exames, mesmo nos casos mais leves. Após permanecerem pelo menos 14 dias assintomáticos, todos devem ser submetidos à avaliação médica com anamnese, exame físico, ECG e dosagem de Tnt. Se não houver anormalidades, recomenda-se a realização de TE ou TCPE, se disponível. Sendo o teste normal, considera-se o atleta apto para retomar exercícios de baixos volume e intensidade, progredindo conforme protocolo funcional da modalidade. Exames de laboratórios protocolares de cada instituição em modelo de início de temporada podem ser adicionados. Caso haja anormalidades, a investigação deve prosseguir como naqueles que apresentaram quadro clínico moderado, antes do retorno às atividades físicas. A avaliação dos atletas com quadro clínico classificado como moderado deve incluir anamnese, exame físico, ECG, Tnt, ECO e TE, preferencialmente TCPE (sempre, no mínimo, 14 dias após a resolução da doença). Havendo alteração dos níveis de Tnt, mesmo em vigência de ECO normal, sugerimos complementar investigação com RMC. Caso haja sinais sugestivos de miocardite, a avaliação deve continuar conforme as orientações vigentes para a doença, que inclui holter 24h e outros exames para estratificação de risco e elegibilidade para retorno às atividades físicas. 54 Se a avaliação for normal, considera-se o atleta apto para retomar exercícios de baixos volume e intensidade 14 dias após resolução do quadro clínico, com retorno gradual à intensidade maior e treinamento específico, devendo ser monitorado o aparecimento de sintomas. Sugere-se uma reavaliação médica após 30 dias da APP inicial, visto que podem ocorrer manifestações cardíacas de forma tardia e novas alterações eletrocardiográficas em indivíduos que tiveram COVID-19 com pneumonia e necessitaram de hospitalização (classificados neste grupo). 41 Para atletas que apresentaram quadro clínico classificado como grave, sugerimos APP abrangente, incluindo RMC mesmo com todos os demais exames normais. Em caso de alterações suspeitas de miocardite, esses atletas seguem as recomendações para investigação, estratificação de risco e elegibilidade já estabelecidas para a doença. 54 É importante ressaltar que os indivíduos que tiveram diagnóstico de miocardite confirmado durante a fase aguda da doença devem se manter afastados de atividades físicas por um período mínimo de 3 meses antes de serem submetidos a esta APP inicial, seguindo as recomendações previamente citadas. Se todos os exames durante a APP estiverem normais, considera-se o atleta apto para o retorno às atividades no mínimo 14 dias após resolução da doença, com retorno gradual à intensidade maior e treinamento específico, com monitoramento cuidadoso do aparecimento de sintomas ou alteração de performance. Sugere-se uma reavaliação médica com ECG após 30 dias da APP inicial. Mesmo entre os atletas, pode haver indivíduos que necessitem ser encaminhados para a reabilitação cardíaca antes do retorno às atividades habituais, considerando a magnitude das lesões e sequelas miocárdicas possíveis neste grupo de alta gravidade (Figura 3). Apesar de ainda não sabermos o real significado dos achados relatados até o momento, a possibilidade de comprometimento cardíaco como sequela da COVID-19, especialmente a miocardite, deve ser considerada e investigada antes do retorno à prática esportiva, visto que pode representar um substrato arritmogênico durante o esforço, aumentando o risco de morte súbita em esportistas e atletas. Consideramos essencial a realização de uma avaliação préparticipação cardiológica após a resolução do quadro clínico, Figura 3 -Fluxograma de avaliação para esportistas competitivos e atletas * RT-PCR ou teste imunológico; ** Aguardar no mínimo 3 meses para aqueles com diagnóstico de miocardite na fase aguda; *** Seguir critérios de avaliação do ECG do atleta/comparar com exame prévio; **** Se disponível, realizar teste cardiopulmonar de exercício; ***** Ver texto. ECG: eletrocardiograma; RMC: ressonância magnética cardíaca. que inclui anamnese, exame físico e ECG para todos, podendo ser necessária a complementação com dosagem de Tnt e realização de TE ou TCPE, ECO e RMC, especialmente em atletas e esportistas competitivos. Indivíduos com diagnóstico de miocardite estabelecido na fase aguda da doença devem esperar, no mínimo, 3 meses para realizar APP e avaliar a possibilidade de retomar exercícios. Além disso, sugerimos que os indivíduos que cursaram com COVID-19 e se recuperaram sem sequelas aparentes, especialmente os atletas, além da APP inicial, devam ser avaliados a médio e longo prazo para a elegibilidade plena para a prática de esportes competitivos e de alta intensidade, visto o pouco conhecimento ainda sobre a evolução tardia desta doença. Finalizando, ficam as sugestões aqui colocadas com as informações que temos até o momento, mesmo que sem grandes evidências, por se tratar de doença ainda em descobertas e aprendizado. Ressaltamos que tais recomendações podem ser temporárias e sofrer alterações à luz do conhecimento futuro sobre a COVID-19. CORONAVIRUS-19. O que você precisa saber Acute cardiac injury in patients with COVID-19 Myocarditis in Athletes Is a Challenge Supplementation with vitamin D in the COVID-19 pandemic? Nutr Rev Chronic Exercise Reduces Illness Severity, Decreases Viral Load, and Results in Greater Anti Inflammatory Effects than Acute Exercise during Influenza Infection Clinical implications of exercise immunology Immunological Implications of Physical Inactivity among Older Adults during the COVID-19 Pandemic The COVID-19 pandemic and physical activity Physical Activity and Reduced Risk of Cardiovascular Events. Circulation Association of Obesity with Disease Severity Among Patients with Coronavirus Disease Obesity is a risk factor for developing critical condition in COVID-19 patients: A systematic review and meta-analysis High Prevalence of Obesity in Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2 (SARS-CoV-2) Requiring Invasive Mechanical Ventilation How important is obesity as a risk factor for respiratory failure, intensive care admission and death in hospitalised COVID-19 patients? Results from a single Italian centre Exercise-related Mental Health Problems and Solutions during the COVID-19 Pandemic The impact of the COVID-19 pandemic on suicide rates Sweating away depression? The impact of intensive exercise on depression World Health Organization (WHO) Coronavirus disease(COVID-19) pandemic COVID-19: consider cytokine storm syndromes and immunosuppression Clinical and immunological features of severe and moderate coronavirus disease 2019 A pneumonia outbreak associated with a new coronavirus of probable bat origin Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan Cardiac manifestations in COVID-19 patients -A systematic review Cardiac and arrhythmic complications in patients with COVID-19 COVID-19 and the cardiovascular system Clinical predictors of mortality due to COVID-19 based on an analysis of data of 150 patients from Wuhan, China. Intensive Care Med Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients With 2019 Novel Coronavirus-Infected Pneumonia in Wuhan, China Clinical course and risk factors for mortality of adult inpatients with COVID-19 in Wuhan, China: a retrospective cohort study Autoimmunity in viral myocarditis Coronaviruses and the cardiovascular system: acute and long-term implications COVID-19 and cardiovascular disease: from basic mechanisms to clinical perspectives Risk of Ischemic Stroke in Patients With Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) vs Patients With Influenza Clinical Research Committee on Myoc. A National Survey on Myocarditis Associated With the 2009 Influenza A (H1N1) Pandemic in Japan Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte Recommendations for Physical Activity and Recreational Sports Participation for Young Patients With Genetic Cardiovascular Diseases ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription COVID-19 illness in native and immunosuppressed states: A clinical-therapeutic staging proposal COVID-19): Diagnosis The Brazilian Society of Cardiology and Brazilian Society of Exercise and Sports Medicine Updated Guidelines for Sports and Exercise Cardiology Posicionamento sobre Avaliação Pré-participação Cardiológica após a Covid-19: Orientações para Retorno à Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons Myocarditis and Dilated Cardiomyopathy in Athletes: Diagnosis, Management, and Recommendations for Sport Activity Electrocardiographic features of patients with COVID-19 pneumonia International recommendations for electrocardiographic interpretation in athletes Cardiac troponin I in patients with coronavirus disease 2019 (COVID-19): Evidence from a meta-analysis Association of Cardiac Injury With Mortality in Hospitalized Patients With COVID-19 in Wuhan, China Myocardial injury is associated with in-hospital mortality of confirmed or suspected COVID-19 in Wuhan, China: A single center retrospective cohort study Valor Prognóstico da Troponina T e do peptídeo natriurético tipo B em pacientes internados por COVID-19 Outcomes of Cardiovascular Magnetic Resonance Imaging in Patients Recently Recovered From Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Cardiopulmonary Exercise Test: Fundamentals, Applicability and Interpretation Exercise Limitation in Survivors of Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) Heart failure prognosis over time: how the prognostic role of oxygen consumption and ventilatory efficiency during exercise has changed in the last 20 years Excess Ventilation during Exercise and Prognosis in Chronic Heart Failure Effects of detraining on breathing pattern and ventilatory efficiency in young soccer players Ventilatory efficiency and breathing pattern in world-class cyclists: A threeyear observational study Eligibility and Disqualification Recommendations for Competitive Athletes with Cardiovascular Abnormalities: Task Force 3: Hypertrophic Cardiomyopathy, Arrhythmogenic Right Ventricular Cardiomyopathy and Other Cardiomyopathies, and Myocarditis: A Scientif Echocardiography in Athletes in Primary Prevention of Sudden Death Cardiovascular pre-participation screening of young competitive athletes for prevention of sudden death: Proposal for a common European protocol -Consensus Statement of the Study Group of Sport Cardiology of the Working Group of Cardiac Rehabilitation an A guideline update for the practice of echocardiography in the cardiac screening of sports participants: a joint policy statement from the British Society of Echocardiography and Cardiac Risk in the Young Resurgence of sport in the wake of COVID-19: Cardiac considerations in competitive athletes Noninvasive Imaging in Myocarditis Echocardiographic characteristics of patients with SARS-CoV-2 infection Prognostic Value of Right Ventricular Longitudinal Strain in Patients With COVID-19 Right Ventricular Dilation in Hospitalized Patients With COVID-19 Infection Cardiovascular Magnetic Resonance in Myocarditis: A JACC White Paper Return to sports after COVID-19 infection Too Close to the Sun? Circulation Exercise in the Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2 (SARS-CoV-2) era: A Question and Answer session with the experts Endorsed by the section of Sports Cardiology & Exercise of the European Association of Preventive Cardiology (EAPC) Esporte em tempos de COVID-19: Alerta ao coração