key: cord-0728773-5uins18k authors: nan title: A Elevada Pressão do Combate a Pandemia da COVID-19 date: 2021-11-01 journal: Arq Bras Cardiol DOI: 10.36660/abc.20210811 sha: a14dd1aef88ace6b22b59f8b2a80bab26680a19a doc_id: 728773 cord_uid: 5uins18k nan COVID-19; Betacoronavírus; Pandemia; Doenças Cardiovasculares; Hipertensão; Idosos; Hospitalização; Comorbidades. Apesar de já estarmos há quase dois anos no enfrentamento dos desafios impostos pelo novo coronavírus, ainda nos resta um longo caminho a ser percorrido. A rápida e fácil propagação do vírus não só preocupa a população e a sociedade científica como um todo, como também escancarou a fragilidade do sistema público de saúde brasileiro, tido como universal. Os números falam por sias taxas exorbitantes de infectados e, consequentemente, de números de óbitos nos fizeram e fazem questionar a condução desta crise sanitária. Neste cenário, indivíduos idosos e com comorbidades, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e doença arterial coronariana, foram os que mais sofreram com a COVID-19. 1 O vírus no organismo leva a extensa disfunção endotelial, 2 intermediada por citocinas inflamatórias e fatores trombogênicos, lesões microvasculares disseminadas e graves complicações, tais como: embolia pulmonar e sistêmica, injúria miocárdica e disfunção renal. 3 Essas manifestações mostraram-se potencialmente fatais, em especial neste grupo aqui elencado, pela concomitante presença de doenças cardiovasculares (DCV). Dentre as DCV, a hipertensão arterial (HA) destaca-se por sua elevada prevalência; no Brasil e na China, por exemplo, mais de 20% da população total é hipertensa, valor que chega a 71,7% em indivíduos acima de 70 anos. 4,5 A HA se mostra como grave problema de saúde pública, sendo a si atribuídos 14% das internações gerais e a responsabilidade por elevado e em ascensão número de óbitos. Em 2015, no Brasil, foram registradas 47.288 mortes por HA, número este que aumentou para 53.022 em 2019. 6 Deng et al., 5 nesta publicação desta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, de modo muito objetivo, avaliaram a associação entre HA e a gravidade/mortalidade em pacientes hospitalizados pela COVID-19 na China. Em uma coorte retrospectiva de 337 pacientes, elencam-se as características clínicas e laboratoriais dos 112 pacientes hipertensos, comparados a um grupo de normotensos. No grupo dos hipertensos, observou-se que eles eram mais idosos, com mais comorbidades associadas (como, doença renal e doença cerebrovascular) e desenvolveram mais complicações no curso da infecção, com maior necessidade de suplementação de oxigênio e evolução para síndrome do desconforto respiratório agudo grave. 5 De modo consistente, os dados apresentados por estes autores mostram que as provas inflamatórias, como proteína C reativa e procalcitonina estão mais elevadas nestes pacientes, bem como ocorre maiores níveis séricos de marcadores de lesão cardíaca (troponina T, creatina quinase MB e NT-proBNP). O grau de hipertensão arterial também esteve associado a maior gravidade da COVID-19, uma vez que 60% dos pacientes com HA estágio III com COVID-19 desenvolveram quadros críticos da doença. 5 O estudo também mostrou que HA esteve associada a quase 2,2 mais chances de morrer por COVID-19 (OR: 2,093 [IC95%: 1,094-4,006], p=0,024). 5 Outros pesquisadores corroboram os achados apresentados por estes autores e também sugerem que a HA é a comorbidade mais comumente relacionada ao aumento de mortalidade em pacientes com COVID-19. 7 De fato, é certo que o combate à pandemia da COVID-19 envolve medidas de isolamento social e vacinação em massa. Contudo, ações que promovam assistência de saúde adequada à população devem ser igualmente priorizadas e mantidas de forma perene no enfrentamento de qualquer contexto adverso, ainda mais evidente neste momento que vivemos. Dessa forma, oportunizar o correto tratamento de doenças tão prevalentes, como a HA, pode contribuir de forma significativa para a redução da mortalidade da COVID-19. DOI: https://doi.org/10.36660/abc.20210811 The Heart and COVID-19: What Cardiologists Need to Know Endothelial dysfunction in COVID-19: Current findings and therapeutic implications Endothelial dysfunction in COVID-19: a position paper of the ESC Working Group for Atherosclerosis and Vascular Biology, and the ESC Council of Basic Cardiovascular Science Brazilian Guidelines of Hypertension -2020 Association of Hypertension with Severity and Mortality in Hospitalized Patients with COVID-19 in Wuhan, China: a single-centered, retrospective study Datasus: Hipertensão Arterial. Brasilia Arterial hypertension and risk of death in patients with COVID-19 infection: Systematic review and meta-analysis Coronavirus disease 2019 (COVID-19) and the renin-angiotensin system: A closer look at angiotensin-converting enzyme 2 (ACE2) Angiotensin-converting enzyme 2 (ACE2), SARS-CoV-2 and the pathophysiology of coronavirus disease 2019 (COVID-19)